[G1 PE] Aparecimento de gafanhotos chama atenção de moradores de Paulista, no Grande Recife
domingo, 28 Junho, 2020 - 15:06
Aparecimento de gafanhotos chama atenção de moradores de Paulista, no Grande Recife
De acordo com o pesquisador Marco Aurélio, do Departamento de Biologia da UFRPE, os gafanhotos são da espécie Tropidacris collaris, comum na região, e não têm qualquer relação com a nuvem de insetos que está na Argentina.
Por G1 PE
Gafanhotos que apareceram em Paulista, de acordo com pesquisador, são da espécie Tropidacris collaris — Foto: Reprodução/WhatsApp
Dezenas de gafanhotos apareceram em casas de Paulista, no Grande Recife, e chamaram atenção de moradores. Os bichos, de acordo com os moradores, começaram a aparecer na manhã da quinta-feira (25) em casas da Rua Vista Alegre, no centro da cidade.
A cerimonialista e lutadora de jiu-jitsu Denize Cássia, de 33 anos, mora em uma das casa da rua há cinco anos. Ela contou que nunca viu isso acontecer.
"Por volta de 11h40 a gente começou a perceber pelas paredes das casas, em canteiros e em algumas plantas. Eu moro aqui há cinco anos e nunca vi isso. Minha vizinha mora há 50 anos e também nunca percebeu nada. Ficou todo mundo assustado", disse.
A preocupação dos moradores é que os gafanhotos tenham a ver com a nuvem formada pelos insetos que apareceu na Argentina. O pesquisador Marco Aurélio, do Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), especialista em entomologia e combate a pragas, descartou essa possibilidade.
Moradores de Paulista, no Grande Recife, ficaram assustados com o aparecimento de gafanhotos — Foto: Reprodução/WhatsApp
Ele explicou que os gafanhotos que apareceram em Paulista e em outras cidades de Pernambuco como Carpina, na Zona da Mata Norte, são da espécie Tropidacris collaris. O adulto é conhecido como gafanhoto gigante ou tucura. "Ele passa por vários estágios, na forma imatura, até chegar à fase adulta, quando ganha a coloração verde", destacou.
De acordo com o pesquisador, a espécie é comum na região e não tem qualquer relação com a nuvem de gafanhotos da Argentina, que são da espécie Schistocerca cancellata.
"São espécies diferentes. Esse que está aparecendo aqui tem uma fase gregária, a fase jovem, quando ficam juntos, mas na fase adulta ficam isolados. Eles também não migram. Os da Argentina são gregários na fase adulta, ficam juntos e quando atingem plantações voam bastante, fazem migração e se alimentando de várias culturas", detalhou.
Invasão em Carpina
Gafanhotos invadem condomínio em Carpina
Na sexta-feira (26), gafanhotos "invadiram" um condomínio localizado em Carpina, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Os bichos, de acordo com moradores, tomaram conta do jardim e comeram as plantas (veja vídeo acima).
Vídeos enviados para o WhatsApp da TV Globo mostram os gafanhotos no Condomínio Vale dos Tamarindos. O conjunto fica na BR-408, perto do shopping da cidade.
Dona de uma das residências, a empresária Isabel Cristina Fragoso contou que voltou para casa para almoçar e se deparou com os bichos.
“Moro há mais de oito anos aqui. E nunca vi isso. Pesei que eram folhas”, declarou. Isabel disse, ainda, que os animais invadiram o jardim e comeram plantas.
Nuvem de gafanhotos na Argentina
Nuvem de gafanhotos causa preocupação; veja essa e outras notícias da semana
Na sexta-feira (26),após dias sem saber a localização exata da nuvem de gafanhotos, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) informou que "achou" onde a praga se encontra no país. De acordo com o boletim do órgão, os insetos estão a 90 km a oeste da cidade de Curuzú Cuatiá.
Na quinta-feira (25), segundo o Grupo Técnico de Gafanhotos do Comitê de Sanidade Vegetal (Cosave), uma reunião para analisar a situação foi realizada com participação de Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai.
O Ministério da Agricultura brasileiro afirmou que o monitoramento feito pelo governo indica que "até o momento, estão mantidas as previsões sobre a rota da nuvem de gafanhotos, que não entrou em território brasileiro".
"De acordo com os dados meteorológicos para a Região Sul do Brasil, previstos para os próximos dias, é pouco provável - até o presente momento - que a nuvem avance em território nacional. Caso isso ocorra, será feito um monitoramento interno para o acompanhamento da evolução do evento."